Career Mentoring

A Assetz Expert Recruitment inicia seu Programa de Mentoria de Carreira com CFOs. O lançamento ocorreu no dia 3 de abril, na sede da empresa, na capital paulista. José Wanderley, CFO da Hershey´s, foi o convidado da noite. Na oportunidade, o Executivo compartilhou desde sua formação e histórico profissional até maiores desafios e aprendizados de sua trajetória

Segundo Wander, ser CFO nunca foi um sonho, sempre pensou em uma etapa de cada vez. Enquanto auditor, gostava de suas atribuições, principalmente do fato de ter contato com diversas áreas e empresas. E foi aí que teve contato com o outro lado da mesa: “Comecei a entender a rotina de um CFO durante o meu período como auditor e, a partir daí, me interessei pelas suas atribuições e pela dinâmica de trabalho. A conversa e troca de experiências com profissionais que atuavam no cargo foi crucial para virar a chave”, contou.

Promovido a cargos de liderança muito jovem, ainda na Deloitte, Wander reconhece que a maior dificuldade são as relações pessoais. Foi preciso passar por um longo processo de aprendizado e conhecer diferentes culturas empresariais para entender que ser agressivo e seguro de si não é sustentável a longo prazo. “Na Natura, eu tinha como responsabilidade formar e desenvolver pessoas, foi então que percebi que pequenos gestos diários mudam resultados a longo prazo”, disse o executivo. “Acredito menos em grandes imersões, gosto mesmo de contato com as pessoas. Gosto de tomar café com meu time, almoçar e criar uma agenda de relacionamento próximo”, explica.

Hoje, Wander reconhece que agressividade é o oposto de maturidade e confessa que essa transição de comportamento não foi natural, ele teve que se policiar para tornar-se mais tolerante e flexível. “O problema é que nós, da área de finanças, temos fatos e dados para suportar nossas opiniões, por isso um embate com a gente é tão difícil”, brinca.

Sobre trabalhar em grandes ou pequenas empresas, o CFO entende que há ônus e bônus em ambos os cenários. Em sua opinião, é preciso entender o que mais faz sentido para a trilha profissional de cada um no momento. Em organizações menores, há mais autonomia, poder de decisão e menos processos. Por outro lado, normalmente, há uma estrutura de suporte mais enxuta. “Minha trajetória na Amway, por exemplo, me orgulha. Consegui estabelecer processos de gestão, criar indicadores importantes para o negócio e deixei um sucessor formado e capacitado para me substituir”, afirma o CFO.

Quando questionado sobre sua experiência profissional internacional, José Wanderley explicou um pouco sobre as principais diferenças entre os mercados americano e brasileiro. O primeiro não sofre com inflação, ajustes de preços constantes e, por isso, é possível fazer um planejamento a longo prazo, estabelecer métodos de trabalho e otimizar processos. Já o segundo, conta com cenário imprevisível que dá oportunidade para soluções criativas e maior liberdade. Sendo assim, os profissionais que atuam no mercado brasileiro acabam desenvolvendo certas competências que os americanos não possuem, como a criatividade.

Assim como todas as pessoas, erros e decisões equivocadas também fazem parte da trajetória profissional do executivo. Hoje, ele entende que esses processos foram importantes para o seu autoconhecimento, desenvolvimento profissional e frisa que preza sempre por quatro pontos:   empresa (o que a organização acredita e como atua); desenvolvimento profissional (o que essa etapa pode deixar de legado); salário e qualidade de vida. É por meio do balanço desses pilares que consegue tomar decisões mais coerentes com o que acredita.

“É preciso ter conexão com os valores da empresa.  A decisão tem que ser tomada por princípio: é certo ou errado. Depois de entender o certo, a gente escolhe o caminho”, explica.

Wander também deu algumas dicas aos profissionais que estão participando de processos seletivos: avalie as últimas demonstrações financeiras da companhia, pergunte sobre o processo de governança para entender como é feita a tomada de decisões e converse com pessoas que trabalham ou já trabalharam na organização. Um bom caminho também é pedir a opinião de headhunters experientes e familiarizados com a área de atuação da companhia em questão.

Sobre o futuro da área de finanças, assim como em outras profissões, a nova geração vai mudar de algum modo a forma com que as companhias lidam com o capital humano. “Essa geração está muito mais conectada com o propósito da empresa do que as gerações anteriores. Para eles, o gestor se torna líder por bons exemplos e argumentos, não por status – um bom carro ou altos salários não impressionam os mais jovens”, declara.

Porém, é o avanço tecnológico que Wander considera ser o ponto de virada na área. “A tecnologia vai mudar todo o modo como trabalhamos, a inteligência artificial já está tomando decisões de negócio. Precisamos entender o que fazer com toda essa informação disponível para usá-la de maneira estratégica”, finaliza.

Com o programa, a Assetz tem como objetivo promover a troca de experiência entre profissionais de Finanças. Os encontros acontecem mensalmente e a cada edição um executivo de peso será o mentor da turma.