Artigos

Projetar o futuro não é algo simples de se fazer em nenhuma situação. Dentro do mundo corporativo, isto não poderia ser diferente. A área de Finanças responsável pelas projeções de Resultado (de Balanço e de Fluxo de Caixa operacional também, em muitas ocasiões) é, se não a mais, uma das mais estratégicas dentro da companhia. Conhecida majoritariamente como “FP&A” – Financial Planning and Analysis (mas também como “Planejamento Financeiro e Controle”, “Controle de Gestão” ou até “Business Controlling”), trata-se de um passo indispensável para aqueles que almejam ocupar uma posição de CFO de forma mais rápida e consistente.

Os profissionais que tiveram passagens sólidas em FP&A em suas carreiras costumam ser muito valorizados pelo mercado. Trata-se de uma área que exige diversos skills técnicos e comportamentais que não são simples de desenvolver e não se encontra em qualquer profissional. Para atraí-los, as companhias não poupam esforços na remuneração e no oferecimento de um claro plano de carreira internamente. Alguns aspectos encontrados em FP&A contribuem diretamente para formação de grandes talentos e potenciais futuros “C-Level”. Dentre as principais características, estão:

Exposição Interna + Proximidade ao Negócio

O FP&A, seja ele em sua forma mais clássica (consolidação e análise dos Resultados das BUs ou de uma região e reporte) ou em uma função de Business Partner (suporte efetivo ao negócio), tem grande interação com todas as outras áreas da empresa. Por exemplo: para se estimar de maneira mais assertiva possível o volume de vendas do próximo ano, é preciso consultar a equipe comercial, garantir que a fábrica/manufatura conseguirá produzir e entregar o que se pretende vender e que a estratégia de marketing esteja desenhada para cumprir esta projeção. Assim, o maior papel do FP&A é garantir que todos dentro de uma companhia estejam com o mesmo direcionamento e alinhados entre si. Isso torna os profissionais que atuam nesta área muito visados e expostos internamente – tanto para o bem quanto para o mal. E, justamente por olhar para todas as frentes da empresa, acaba estimulando o desenvolvimento de uma forte visão de negócio e de uma capacidade analítica diferenciada, já que seu foco principal é que se possa prever quais seriam os impactos diretos das decisões tomadas pelos Executivos (expansão, retração e reestruturação) no Resultado (PnL) da corporação, através da simulação de cenários e da garantia do alinhamento com a estratégia a longo prazo.

As áreas de FP&A dedicadas ao suporte a alguma área interna específica (como Sales Finance, Commercial Finance, Marketing Finance, Supply Chain Finance) acabam se tornando essenciais na garantia de que direcionamento estratégico se cumpra, pois é quem analisa e acompanha os indicadores financeiros e operacionais mais importantes (como rentabilidade e margem) e desenvolve estudos de viabilidade econômico financeira que suportam as ações da companhia. É isso que faz com que a equipe de vendas não forneça descontos aos seus clientes, a área de marketing não lance um novo produto ou que Logística não terceirize toda sua frota antes de consultar a opinião dos Business Partners de Finanças. Apesar de ter uma visão mais de curto prazo (geralmente de 1 ano), a grande sacada do Planejamento Financeiro fica por conta da definição de quais são os principais indicadores que devem ser medidos e acompanhados para a empresa levando-se em contato o momento que vive, a situação do setor e seu foco de negócio. Ou seja, eles não são fixos, muito pelo contrário, podem variar dentro de um curto período. Por isso, muitos dizem que o FP&A é uma arte!

Considerando seu escopo, o senso crítico e a sensibilidade de entender os desafios da companhia e as mudanças de percurso ao longo do ano, são imprescindíveis para que o FP&A tenha boa “acuracidade” nos processos de forecast.

Geralmente, empresas que estão inseridas em ambientes mais dinâmicos (que necessitam de análises financeiras rápidas para acompanhar as ações de seus competidores em tempo hábil), como os setores de bens de consumo (FMCG), farmacêutico e varejo, geralmente possuem as áreas de FP&A melhor estruturadas e mais valorizadas internamente. Assim, são definitivamente grandes escolas de profissionais com esta função e seus CFOs tendem a ter um background maior neste subsistema de Finanças do que em outros.

Boa capacidade de comunicação + Proficiência em Inglês

Por haver muita interação com outras áreas, com a Diretoria e com o Board, atuar com Planejamento Financeiro desenvolve diversas habilidades comportamentais importantes, como articulação, comunicação assertiva e capacidade de criar e manter alianças, pois ele sempre necessita obter informações de outros departamentos ou influenciar seus pares dentro da organização.

Tais interações muitas vezes não se limitam ao Brasil, mas também há forte relacionamento com outras localidades no exterior (regionais ou globais). Logo, habilidades de comunicação em outras línguas, como o inglês e o espanhol, é uma característica comum a profissionais desta área. Trata-se de um requisito sine qua non para quem almeja cargos de liderança em FP&A.

financial planner é praticamente um guru dos números e tem um alto poder de influência nas decisões estratégicas de diversas unidades de negócio da companhia. Ele precisa ter consigo, a todo momento, a big picture do business e conseguir direcionar a empresa como um todo para a construção de um negócio rentável e eficiente.

Assim, podemos concluir que a área de Planejamento Financeiro contribui significativamente com o desenvolvimento de um ótimo Executivo Financeiro (com visão de performance de negócio diferenciada) e pode ser a uma via rápida para se chegar ao cargo de Diretor Financeiro. O que não faltam são exemplos de CFOs admirados pelo mercado que trilharam suas carreiras substancialmente em FP&A e que hoje são grandes formadores de opinião em Finanças