Career Insights

“A necessidade de adaptação dos líderes de Finanças em meio a uma economia volátil” 

Por Fernanda Inomata e Haroldo Carvalho*

Existe um conceito, que representa os imprevistos e a rapidez das mudanças significativas que vivemos hoje, chamado Mundo VUCA. O termo expressa a complexidade da sociedade contemporânea em meio à grande conectividade e aos avanços tecnológicos. O acrônimo, na tradução para o português, significa Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.

O VUCA faz sentido quando olhamos para um cenário em que as transformações e a necessidade de adaptação estão cada vez mais ágeis. Porém, após a pandemia causada pelo covid-19, surgiu um novo conceito: Mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible). Tais adjetivos, que traduzidos significam Frágil, Ansioso, Não linear, Incompreensível, foram criados pelo antropólogo norte-americano Jamais Cascio e publicados no artigo Facing the Age of Chaos, no Medium, em abril de 2020.  

Analisando o panorama atual do mercado, o conceito BANI está mais adequado para o momento, uma vez que algumas situações se encontram imprevisíveis e instáveis, como a inflação brasileira. As volatilidades econômicas estão sob uma ótica mais atenta das empresas e, consequentemente, influenciando as tomadas de decisões dos líderes, em especial os de Finanças. Neste sentido, é fundamental que estes profissionais tenham uma visão mais ampla do negócio, com foco no futuro e nos diferentes desafios macroeconômicos. 

Em nosso entendimento, os líderes de hoje não podem se limitar a olhar apenas para números e planilhas dentro de um escritório, é necessário que haja interação com os diferentes setores da empresa para melhor entendimento do negócio. Para isso, é essencial avançar não só nas hard skills como também nas soft skills, e a área de Gente e Gestão pode (e deve) ser uma grande aliada da área de Finanças, trazendo insights e ferramentas para os líderes financeiros.

O relatório Accenture Life Trends 2023, que avalia tendências sobre a vida e a tecnologia, identificou cinco macrotendências globais do comportamento humano que interferirão no ambiente corporativo. Inclusive, uma delas é a necessidade de adaptação em meio a tantas incertezas, como o modelo de trabalho que funciona melhor: presencial, híbrido ou remoto; e as novas ferramentas de inteligência artificial que transformam, continuamente, a inovação das empresas, a maneira de fazer negócio e a fidelidade dos clientes e dos colaboradores à determinada organização. Diante disso, é imprescindível que o profissional permaneça resiliente às pressões externas e internas, além de estreitar o relacionamento com a equipe.

As soft skills são cada vez mais exigidas dentro das empresas, após o cenário da pandemia, em que os anseios, decorrentes da competitividade, da adoção de novos modelos de trabalho e da adaptação às necessidades imediatas do mercado aumentaram, e as expectativas decorrentes da valorização profissional também. Logo, os líderes precisam mudar a perspectiva e encontrar uma jornada que garanta não só a sustentabilidade econômica do negócio, mas também permita que ele esteja próximo do time para incentivar estratégias novas e robustas para alcançar o sucesso da empresa.

Um dos elementos essenciais para qualquer líder, em momentos de incerteza, é a tomada de decisão. Algumas decisões não são tão fáceis, porém são primordiais em meio a tantas mudanças para atender às necessidades, às expectativas e às tendências do setor. Atualmente, a grande dificuldade dos gestores é equilibrar a tomada de decisão com o engajamento do time, e, por isso, é essencial que o líder tenha uma leitura sobre motivação das pessoas e seja habilidoso em alinhar expectativas com a equipe.

Além das chamadas soft skills, não podemos nos esquecer das hard skills tão imprescindíveis quanto. É fato que o executivo de Finanças tem suas habilidades e suas competências exigidas para sua especialização, contudo o cenário atual pede que este profissional:

• Tenha visão de crescimento a curto, médio e longo prazo.

• Saiba avaliar riscos sobre setores específicos do mercado, de forma a antecipar e endossar decisões que impactam o negócio.

• Adapte-se, facilmente, a diferentes situações e cenários, com entendimento de uma economia globalizada e em condições de volatilidade.

• Utilize princípios de governança corporativa inspirados pelos conceitos mais contemporâneos de ESG (Environmental, Social and Governance).

São perceptíveis os obstáculos macroeconômicos que os líderes poderão enfrentar. Cada gestor será exigido de formas diferentes para enfrentar tal momento. Mais do que nunca, o profissional de Finanças terá que equilibrar vários pratos ao mesmo tempo: melhor relacionamento interpessoal, visão de negócio, resiliência para tomadas de decisões e adaptação rápida às mudanças e às exigências do mercado.

Fernanda Inomata

CHRO do Pravaler

Fernanda Inomata ocupa a posição de Chief Human Resources Officer (CHRO) do Pravaler, é formada em Psicologia, pela PUC-SP, pós-graduada em Gestão de Negócios, pela Fundação Dom Cabral, e em Gestão de Pessoas, pela Porto Business School, em Portugal. Possui mais de treze anos de experiência na área de RH, adquirida em empresas de grande porte, como Suzano Papel e Celulose e Grupo Pão de Açúcar. A executiva tem, em seu currículo, formação executiva pela INSEAD e Stanford.

Haroldo Carvalho

CFO do Pravaler

Haroldo Carvalho é Chief Financial Officer (CFO) do Pravaler. Formado em Engenharia da Computação, pela Universidade Federal de Itajubá, com mestrado pela Fundação Getulio Vargas, e MBA, pela Saint Paul Escola de Negócios e New York Institute of Finance.​ Com quase 20 anos de experiência em serviços financeiros, varejo e consultoria estratégica, Haroldo teve longa passagem pela Rodobens, onde acumulava as posições de Diretor Geral do banco e CFO do grupo. No Pravaler, lidera a captação de recursos, o controle, o planejamento, a tributação, a contabilidade e a área de M&A, tendo como grande desafio posicionar a área como braço direito dos negócios da companhia e olhar para o mercado, visando entender as oportunidades de aquisição para a empresa.