Mentoria de Carreira

A Assetz Expert Recruitment recebeu Carla Santello, CFO Mercosul da Kellogg, em seu Programa de Mentoria de Carreira com CFOs. Durante o evento, realizado na sede da consultoria de executive search, a convidada pôde compartilhar aprendizados, erros, dicas e cases de sucesso com os participantes, que também fizeram perguntas e pediram conselhos à mentora.

Atue no maior número de áreas de Finanças que for possível, compreenda a fundo o negócio da empresa e o mercado em que está, dedique boa parte de seu tempo à gestão de pessoas. Arrisque-se, pois nunca estamos 100% preparados para novos desafios. No final das contas, aprendemos com a dor. Dicas como essas nortearam a mentoria da última terça-feira, dia 20 de agosto.

Com quase 30 anos de experiência, Carla Santello conta que decidiu a profissão que trilharia aos 14 anos. “Sempre soube que trabalharia com Finanças, só não achei que chegaria tão longe”. A CFO atribui o sucesso de sua trajetória à curiosidade e vontade de fazer diferente.

A passagem pelo negócio da família e por multinacionais sempre permitiram o contato com diversas áreas dentro de Finanças. Segundo a executiva, a General Motors foi uma grande escola nesse sentido, já que, na companhia, teve a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos em hard finance e tesouraria, ter uma visão do ciclo completo de um produto e o quão importante é o entendimento do negócio.

Após 11 anos no setor automotivo, trabalhar com Medical Devices foi um grande desafio. Compliance era a palavra de ordem dentro da organização em um setor extremamente complexo. Sua experiência regional a fez entender que, para gerenciar o negócio em países diferentes, o primeiro passo é perceber os principais traços da cultura e da realidade da região. Depois, estudar a estrutura comercial e o mais importante: ouvir muito antes de propor mudanças bruscas na estratégia.

Por fim, há poucos meses no setor de bens de consumo, Carla lidera a integração de uma empresa nacional e está adaptando seu mindset, afinal, diferente do setor farmacêutico – que o planejamento é mais em longo prazo, tudo muda de um dia para o outro, as áreas comercial e de marketing são vitais para o negócio e o CFO deve gerir muito bem o P&L e o caixa e tomar decisões de forma rápida e consistente.

Ao longo do evento, a CFO comentou diversas vezes sobre a posição estratégica de um profissional de Finanças dentro da organização. É indispensável desenvolver skills de liderança e entender de compliance e contabilidade. Por mais que o executivo não seja o responsável direto por todas essas frentes, ele será cobrado por elas. Carla também ressaltou a importância de estabelecer metas e objetivos claros, além de ter um bom time abaixo.

Em relação à gestão de pessoas, Santello explica que o entendimento dessa frente veio apenas com o amadurecimento na carreira. Quando era mais jovem, gostava de desenvolver apenas os high potential e, com o tempo, percebeu a importância de ter um time miscigenado e também desenvolver os profissionais high performance. “Como gestores, precisamos identificar o cargo ou área em que aquele funcionário vai melhor se adaptar. Hoje, invisto 60% do meu tempo com pessoas e o que me dá mais prazer é entender a capacidade de cada um e apontar onde é preciso desenvolver. Isso exige paciência”, declara.

As mudanças do mercado de trabalho advindas da tecnologia e do perfil da nova geração, assim como em outras mentorias, estiveram entre os temas debatidos. Para a CFO da Kellogg, a tecnologia servirá muito mais como uma ferramenta de apoio ao profissional de finanças e não como substituição ao trabalho que executa. Apesar disso, o foco será muito mais na análise das informações oferecidas pela tecnologia e na definição de como utilizá-las de forma estratégica e aplicá-las à realidade do negócio.

Já sobre a nova geração, Carla percebe que a essência é a mesma. “Assim como qualquer profissional, há uma grande vontade de crescer, mas não mais pelo status e sim pela possibilidade de influenciar e participar das decisões”, relata. A executiva completa que os jovens trabalham por um propósito claro e o desafio dos líderes é gerenciar as expectativas e mostrar o que determinada função agrega à organização.

Quando questionada sobre os desafios de ser mãe, construir uma família e ocupar uma cadeira de CFO, Carla diz que não há fórmula mágica, mas que isso só é possível pelo suporte dado pelo marido. “Nunca vou ser a melhor profissional possível e a melhor mãe que eu gostaria de ser, mas hoje prezo pelo equilíbrio e pela qualidade do tempo que invisto nas minhas funções”, conta. “A maternidade trouxe para mim uma nova perspectiva, aprendi o que de fato é relevante e que não é possível controlar tudo”,  finaliza.