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Até o fim da década de 1990, o CFO (Chief Financial Officer) tinha um perfil muito mais voltado à tesouraria. Considerando um cenário de enorme instabilidade cambial e inflação de até 40% ao mês, a gestão do fluxo de caixa da companhia era o foco principal do CFO, pois era preciso garantir a sobrevivência da empresa.

Tal inflação também aumentava a demanda por contadores atualizados e muito técnicos, que soubessem, por exemplo, o conceito e a aplicabilidade da Correção Monetária Integral CMI) – não mais usada nos dias de hoje.

Entretanto, a figura do CFO vem evoluindo ao longo do tempo. Desde os anos 2000, o Diretor Financeiro tem se tornado cada vez mais alguém de visão e atuação ampla dentro da empresa. Ou seja, aquele que transita entre diferentes áreas da companhia, contribuindo com uma visão estratégica não só voltada ao fluxo de caixa, mas também à garantia da rentabilidade e à perpetuidade do negócio.

De Finanças à Performance

Com as mudanças econômico-financeiras percebidas principalmente na última década, em todo o mundo, o ambiente em que as empresas operam se tornou muito mais globalizado e concorrido, o que as leva a ter um olhar mais voltado à lucratividade, à rentabilidade e à eficácia de suas operações.

Neste cenário, o CFO deixa de ser apenas o “guarda livros” ou o gestor do caixa da companhia e exerce cada vez mais um papel de suporte ao negócio na tomada de decisões (embasadas tecnicamente). Em muitas ocasiões, acaba sendo o braço direito do CEO no planejamento e na execução da estratégia corporativa, pois possui uma visão holística de todas as áreas da corporação.

O Executivo de Finanças deverá atuar muito próximo à área de vendas para discutir políticas e descontos comerciais, à equipe de marketing para analisar a viabilidade de novos produtos e desenvolver estudos de precificação e à equipe de Supply Chain e Operações para discutir estratégias de logística ou elaborar um Business Plan de uma nova fábrica.

Aquela figura do líder de Finanças sentado em sua cadeira, registrando débito e crédito, estará cada vez mais longe das reais necessidades das empresas.

Esta busca incessante pela boa performance do negócio e pela alta rentabilidade levanta a tese de que o executivo pode deixar de ser CFO e se transformar em CPO: Chief Performance Officer.

Por outro lado, apesar das mudanças e da proximidade cada vez maior com o negócio, o Executivo de Finanças continuará tendo de fazer a “tarefa de casa” bem feita, garantindo a entrega das Demonstrações Financeiras. Para isso, ele contará com uma grande aliada: a tecnologia.

A Revolução 4.0

“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”, afirmou o professor alemão Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial e autor do livro “A Quarta Revolução Industrial”.

Depois da máquina a vapor, da eletricidade e da informática chegou a vez da tecnologia revolucionar a forma como interagimos com o mundo: é a chegada da Era Digital.

Segundo diversos teóricos, invenções disruptivas como robótica, inteligência artificial, big data, nanotecnologia, impressão 3D, entre tantas outras, já estão convergindo e modificando nossos processos produtivos. O resultado é uma maior conectividade, adaptação e eficiência.

CFO na Era Digital

CFO do futuro estará sempre atento às inovações tecnológicas e buscará ferramentas que ajudem a otimizar o tempo dedicado a tarefas básicas, mas fundamentais, que podem ser realizadas por máquinas e sistemas ultramodernos.

Baseado em uma boa estratégia, o CFO poderá investir menos tempo da equipe nas rotinas transacionais da área e se voltar a projetos estratégicos, que demandam atenção especial. Por consequência, a tecnologia reduzirá o tamanho do seu time, gerando savings de despesas da área. Algumas funções inevitavelmente deixarão de existir para dar espaço a outras – que não existem atualmente.

Antes de tudo, um líder

Além da atenção à tecnologia e a proximidade ao negócio, um terceiro (e não menos importante) fator ocupará grande parte do dia a dia do CFO do futuro: a liderança de jovens das novas gerações, criados já em um ambiente rápido e digital. O CFO precisará deixar de lado antigas verdades e aprender a lidar com as novidades e tendências que as novas gerações trazem.

O que a nova geração busca? Como motivar esses jovens, atraí-los e retê-los? Como dar a eles um propósito maior a ser seguido?

CFO do futuro precisará responder essas questões todos os dias durante a gestão de seus liderados. Ele precisa saber que esta nova leva de profissionais não valoriza somente a remuneração e o crescimento na carreira, mas busca também trabalhar em uma companhia que tenha propósitos e seja ativa no desenvolvimento da sociedade como um todo.

A nova geração busca empresas que entendam e pratiquem a economia compartilhada, compreendendo que o “fim” não vale nada se “os meios” não estiverem em linha com suas crenças.

CFO deverá dar luz a ideais de sustentabilidade e metas de cunho social sem tirar os olhos das finanças. Saberá obter bons resultados liderando uma equipe moderna e conectada, que se preocupa com a sociedade e está em sintonia com os avanços do mundo.

E você? Como está se preparando para o futuro?