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Toda organização tem como objetivo ter os melhores funcionários, com alto nível de comprometimento, conhecimento técnico robusto e soft skills que tornam a rotina de trabalho mais leve. O ideal é que permaneçam na companhia por muito tempo, treinem outras pessoas e cresçam com o negócio. 

A realidade, contudo, apresenta grandes dificuldades e, para colocar tudo isso em prática, é preciso que a empresa se dedique ao máximo, especialmente à área de Recursos Humanos. Quando os colaboradores são Executivos de Finanças, algumas nuances precisam ser consideradas e adicionadas à lista de desafios. 

A pesquisa O Perfil do CFO no Brasil 2022, feita pela Assetz em parceria com o Insper, mostrou que a oferta da remuneração esperada é o maior desafio na atração de talentos, fato citado por quase 20% dos CFOs entrevistados. No entanto, as remunerações oferecidas pelas companhias já estão próximas do limite, e aumentá-las pode ser um risco. 

No entanto, é possível encontrar soluções para atrair talentos, mesmo com a estreita margem de manobra que os recrutadores possuem, como oferecer benefícios diferenciados ou aumentar a remuneração via oferta de ações da empresa.

Profissionais de Finanças apreciam incentivos de longo prazo e, por isso, cada vez mais são raras as vagas gerenciais com propostas que contemplem apenas as necessidades de curto prazo dos profissionais desse nível hierárquico. É indispensável que se procure alternativas para atrair profissionais de Finanças e é necessário que os líderes de RH se desvencilhem da ideia de que apenas a remuneração é o critério para escolher a empresa para se trabalhar.

Apesar da importância da remuneração e dos benefícios, outros fatores podem ser decisivos para atrair novos talentos: os desafios técnicos envolvidos no dia a dia de trabalho. Projetos como a criação de departamentos ou mesmo a reestruturação de áreas que precisam reverter desempenhos insatisfatórios podem instigar profissionais talentosos. 

Outro ponto que costuma motivar os profissionais de Finanças são demandas específicas, como abertura de capital, que são muito complexas e exigem o exercício de habilidades técnicas próprias. Projetos como esse podem ser decisivos, pois, geralmente, os Executivos financeiros gostam de desafios, e isso os motiva a entrar em uma empresa.

Uma pesquisa feita pelo LinkedIn em dezembro de 2021 revelou que 49% dos brasileiros consideravam mudar de emprego em 2022. A porcentagem era ainda mais alta entre profissionais jovens, de 16 a 24 anos: 61%. Os números ajudam a ilustrar o tamanho da dificuldade em reter talentos. 

Na área de Finanças, esse desafio pode agravar-se pela ampla concorrência no mercado, com muita demanda por parte das empresas e um número limitado de pessoas com os atributos solicitados. Há, ainda, o desafio de manter bons profissionais no quadro quando a empresa passa por um momento financeiro difícil. 

O profissional de Finanças tem acesso a informações estratégicas e, se ele entender que a empresa está passando por dificuldades, é possível que se pergunte se vale a pena seguir no time ou procurar oportunidades em outras companhias. 

Outro problema é a falta de transparência que algumas companhias demonstram durante os processos seletivos; logo, é preciso deixar claro o tipo de gestor, a cultura da empresa, o que é esperado do profissional e qual é o momento pelo qual a companhia atravessa. Do contrário, o turnover pode ser elevado, e as saídas frequentes de posições estratégicas são sempre delicadas.

Diante desses desafios, o RH tem a missão de promover um processo frequente e bem-estruturado de feedbacks entre o gestor e o colaborador. Um programa que estrutura as devolutivas é uma arma poderosa para entender se há desejos que não foram atendidos antes que o profissional resolva se desligar. Essa conversa deve ser sucedida por planos de desenvolvimento profissional e mobilidade interna. 

No entanto, é importante salientar que, em alguns casos, o profissional tem pressa em se desenvolver dentro da organização, o que pode prejudicar o seu amadurecimento e o alcance de todo o seu potencial, e a empresa precisa moderar as expectativas, mas de forma apropriada. A ansiedade pode ser contida se houver um trabalho conjunto em prol do crescimento dos novos talentos. Uma solução é elaborar um plano de carreira para o profissional com o apoio da empresa.

Os desafios na atração e retenção de profissionais financeiros são grandes, porém, aprender com Executivos experientes é uma boa alternativa para avançar nessa agenda. Transparência ao falar sobre os desafios da posição, feedbacks frequentes, remunerações compatíveis com a realidade do mercado e iniciativas para o desenvolvimento do time são pontos fundamentais na construção de um quadro sólido e permanente de colaboradores em Finanças.

Carolina Carioba

Chief People Officer | Nuvini

Camila Dantas

Conselheira e Diretora de RH | Publicis Groupe

Nathelie Sattler

Head of Talent Acquisition