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Como em diversos outros negócios, o volume de posições em Finanças e Controladoria também é sazonal e varia muito durante os 12 meses do ano. Tal variação, desde 2010, tem se comportado de maneira muito semelhante – com exceção do ano de 2016, por conta do impeachment e das Olimpíadas, todos os outros anos sofreram oscilações muito similares em relação à variação na demanda de Executivos Financeiros de janeiro a dezembro. Entender como funciona a sazonalidade do Recrutamento em Finanças é de extrema utilidade e deve ser levada em conta por aqueles profissionais que estão em busca de novas oportunidades.

A ideia de que, no Brasil, o ano começa depois do carnaval também se reflete na demanda por Executivos Financeiros durante o ano. Nos primeiros meses (janeirofevereiro e meados de março), a curva de contratações é consideravelmente baixa. Há diversas razões para esta escassez de novas posições, como: os principais Executivos e tomadores de decisão da companhia estão em férias, o que ocasiona falta de agenda para entrevistas e demora na aprovação final do candidato no processo seletivo e faz com que as empresas posterguem as contratações até que as férias acabem; diversas companhias estão investindo seu tempo do fechamento do Balanço e das DFs anuais (de 31 de dezembro) e no atendimento à auditoria externa, que geralmente desenvolvem seus trabalhos de maneira mais contundente neste período; e algumas empresas necessitam da aprovação do orçamento para poderem contratar, o que tarda um pouco e geralmente não acontece no início do ano.

Tradicionalmente, as corporações começam a dar vazão a esta demanda represada nos meses de abril e maio. Esta concentração de demanda, aliada ao fato de que muitas empresas pagam o bônus/PLR anual em 31 de março e a maioria dos profissionais opta por esperar até esta data para se desligar da companhia para que possam receber o valor integral, credencia os meses de abril e maio como os meses com maior demanda na busca de executivos de Finanças em todo o ano. O perfil mais buscado nesta época do ano é o de contador (para renovar o time) e de profissionais de governança corporativa (controles internos, riscos e compliance).

Tal demanda naturalmente cai em junho e julho em decorrência das férias de alguns Executivos contratantes (tomadores de decisão) e também pelo fato de algumas empresas fecharem o ano fiscal em 30 de maio ou 30 de junho. Assim, todo o processo de aprovação de orçamento, elaboração das DFs e atendimento à auditoria em companhias que adotam este ano fiscal acarreta um foco maior nestas atribuições e menor em contratações. A baixa comumente vista nestes meses não chega no patamar dos primeiros meses do ano, ou seja, a queda costuma ser menos brusca do que ocorre em janeiro e fevereiro.

Em seguida, a demanda por profissionais volta a crescer em agosto e há um outro grande pico no volume de posições nos meses de setembro e outubro, mas não tão alto quanto o que se costuma ver no segundo trimestre do ano. No final do terceiro trimestre e começo do quarto, a maior demanda é por profissionais com experiência em planejamento financeiro (em razão do fortalecimento da área de FP&A para passar pelo processo de orçamento anual) e em planejamento estratégico (para que a equipe que define as metas e diretrizes a longo prazo também esteja preparada para o final do ano). Profissionais de impostos e de tesouraria, de uma maneira geral, são demandados pelo mercado de maneira mais estável durante os meses do ano, ou seja, não há oscilação relevante na busca por esses perfis por alguma razão específica em um determinado mês.

Por fim, a demanda por Executivos de Finanças volta a baixar em novembro em virtude dos diversos feriados que o mês possui, ainda havendo alguma procura pelo fato de as companhias precisarem utilizar o orçamento destinado à contratação ainda este ano para que não percam headcounts no orçamento do ano seguinte. No último mês do ano, o volume de posições cai vertiginosamente e o ano termina com um dezembro que costuma ser o pior mês entre todos os 12, muito em decorrência da data limite para a entrada de profissionais em uma companhia em dezembro ser mais cedo e pelo período de festas em que praticamente ninguém está ativamente buscando novas oportunidades profissionais.

Esta curva “normal” do volume de posições em finanças certamente varia de acordo com o segmento em que a empresa atua, com o seu porte, com o momento pelo qual passa e com o seu nível de profissionalização, mas as diferenças não costumam ser muito significantes. Em 2018, a demanda no segundo maior pico do ano (setembro e outubro) sofreu certa interferência do processo eleitoral e a expectativa é de que parte da busca por posições seja postergada para este ano de 2019, o que é relativamente comum em anos eleitorais.

Assim, daqui a dois meses, entraremos exatamente no melhor período do ano de contratações em Finanças. Estejamos todos preparados, abertos a escutar o que o mercado tem para nos oferecer, fortalecendo o network e, acima de tudo, muito otimistas, pois, considerando a estabilidade econômica pela qual passamos, tudo indica que estamos frente a um período de alta nos próximos meses.