Por Fábio Machado
A área de Finanças é fundamental para a sobrevivência e o sucesso de qualquer negócio. É a boa gestão financeira que possibilita o controle dos recursos, o fortalecimento e o crescimento do empreendimento. Mas, tudo bem, isso provavelmente você já sabia! O que realmente quero explorar neste artigo é a relevância que a área financeira representa para as empresas e o que os Conselheiros devem saber sobre ela.
Com um planejamento financeiro eficiente, as organizações podem projetar as suas receitas e gastos, avaliar sua saúde financeira e organizar os investimentos necessários para assegurar um empreendimento próspero. A gestão financeira competente é essencial para a tomada de decisões assertivas, a definição de metas e a garantia da competitividade do negócio em um mercado dinâmico e tão disputado como este no qual estamos inseridos.
Para os membros do Conselho de Administração, entender de Finanças se faz necessário para levarem a cabo os seus papéis. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula as empresas de capital aberto, “o conselho de administração deve atuar de forma a proteger o patrimônio da companhia, perseguir a consecução de seu objeto social e orientar a diretoria a fim de maximizar o retorno do investimento, agregando valor ao empreendimento”. Ademais, Finanças é um importante tema de acompanhamento porque também se desdobra em outros pontos relevantes da governança corporativa.
O Conselheiro não precisa ser um especialista de Finanças, mas deve entender o suficiente e, sobretudo, ser curioso e questionador.
Entender de Finanças abrange conhecer os diferentes demonstrativos financeiros, a estrutura de capital e a análise de relatórios auxiliares, saber avaliar o desempenho da empresa (contra orçamento, outros períodos e pares comparáveis) e mais um pouco. O foco do Conselheiro não é auditar o estado atual e anterior, mas sim fazer uso de seu conhecimento generalista para provocar insights relevantes.
Ser curioso e questionador aqui refere-se à atitude de perguntar sobre aquilo que não conhece, não compreendeu ou que pensa estar fora do esperado. O Conselheiro deve envolver seus colegas em suas inquietudes e buscar auxílio profissional se for preciso. Aliás, saber a quem perguntar e como avaliar a resposta obtida são fatores-chave.
Tudo isso é essencial para que os Conselheiros possam desafiar a gestão na diligência das finanças com uma abordagem estratégica e avaliação dos impactos de potenciais eventos futuros, buscando contribuir para a maximização da geração de valor na condução da organização.
Existem cursos e programas de formação que oferecem conhecimento financeiro e contábil para conselheiros, abordando desde conceitos básicos até métodos de avaliação e análise. Também existem outros cursos mais completos que exploram finanças corporativas estratégicas, métricas financeiras, estratégias de M&A e funding.
O papel do Conselho de Administração em relação às Finanças das empresas é multifacetado; portanto, deixo aqui, para reflexão, alguns questionamentos importantes ao Conselho e aos Conselheiros:
• Quais são as metas estratégicas da empresa?
• Quais metas o Conselho de Administração precisa acompanhar de forma mais direta?
• Como essas metas se relacionam com as finanças da organização?
• Quais são os principais fatores macroeconômicos que influenciam as metas, o resultado e o desempenho da empresa?
• Como as crises afetam os indicadores de receita, despesas, lucro e margem da empresa? Esses efeitos são temporários ou refletem uma nova tendência de mercado?
E, por fim, elenco as principais responsabilidades do Conselho de Administração em relação à área de Finanças:
• Colaborar na elaboração e aprovação do orçamento;
• Orientar a estratégia financeira da empresa, incluindo planejamento de longo prazo, investimentos e alocação de recursos;
• Monitorar as atividades da diretoria executiva, incluindo as do CEO, para garantir que as decisões financeiras estejam alinhadas aos interesses dos acionistas e da empresa como um todo;
• Apreciar o plano de investimentos, avaliar se os projetos estão suportando o Plano Estratégico e entender como cada item gera retorno;
• Deliberar sobre grandes investimentos, contratação de grandes empréstimos e movimentos estratégicos que possam impactar as finanças da empresa;
• Acompanhar a evolução das informações da demonstração de resultados, avaliar a lucratividade e a rentabilidade contra o orçamento, bem como as oportunidades geradas para a companhia maximizar lucro ou minimizar prejuízo;
• Examinar a evolução das informações do balanço patrimonial junto do fluxo de caixa e avaliar o risco da liquidez da empresa;
• Assegurar que as práticas financeiras estejam alinhadas aos princípios de boa governança corporativa, transparência e responsabilidade.
Quanto ao Conselho Fiscal, de acordo com a Lei das Sociedades por Ações, de 1976, este é um órgão independente da administração e da auditoria externa, cuja principal responsabilidade é rever as atividades gerenciais e as demonstrações financeiras, relatando suas observações aos acionistas.
Portanto, para o Conselho de Administração, entender e aplicar os princípios de Finanças é vital para a sustentabilidade e o sucesso da organização, garantindo que as decisões tomadas estejam alinhadas aos interesses dos acionistas e contribuam para a geração de valor no longo prazo.